Dica MPM: Honeymoon Disease - The Transcendence (Review)


Muitas bandas tentam resgatar a energia e a competência do rock dos anos 70, mas será que conseguem?
Antes de mais nada, quanto ao clichê atribuído a quase todas as criticas e resenhas escritas sobre bandas suecas, o Honeymoon Disease, que vem de Gotemburgo/SE, "não tem qualquer semelhança com o ABBA", a maior banda surgida na Suécia até hoje. No entanto, na minha cabeça o ABBA deixou uma herança melódica rica pros suecos, e eu já vi muitos deles afirmarem isso.

Talvez você pense que não conhece nada de rock sueco, o que é realmente improvável, dado as grandes escolas de som que eles possuem de classic rock, hard rock, glam, heavy metal, hardcore punk, death e black metal, folk, indie...
Quem nunca ouviu falar em algumas dessas bandas: November, Jerusalem, Roxette, Europe, Malmsteen, The Cardigans, Hammerfall, H.E.A.T, Spiritual Beggars, The Hives, Amon Amarth, Anti-Cimex, Hardcore Super Star, Nasun, Opeth, Peter Bjorn and John, Meshuggah, Swedish House Mafia, Grave, Bathory, DEATHSTARS, At the Gates, In Flames, Dark Tranquillity, Entombed, Dismember, Arch Enemy, Millencolin, Bloodbath, Thunder Express, Imperial State Electric, Diamond Dogs, Horisont, Avatarium, Graveyard, Amason, Blues Pills, Ghost, Hellacopters, Spiders, Narnia, Crashdiet, e até minha banda favorita o Backyard Babies?



Pois bem, o disco começa com "Higher" dando o ponta pé com uma intro de harmonias vocais em fade-in, é uma música com riffs e bases de guitarra bem ao estilo 70's, enquanto o refrão traz harmonias de voz, típicas do hard rock anos 70/80, com um solo de guitarra simples, bem emocional e de muito bom gosto!
Me fez recordar algo da fase inicial do Judas Priest.

Na segunda faixa pegamos aquele rock 'n' roll tipicamente sueco, como Imperial State Electric e The Hellacopters, ou seja, rock 'n' roll com aquela veia punk e referencias claras à Chuck Berry, Status Quo, Kiss, MC5 e outros. "Stargazer" é um som que nos remete claramente ao Thin Lizzy e ao Hellacopters, na realidade é quase unânime essas influencias no álbum por inteiro, o que você também nota na faixa seguinte, "Mind Imperial", que pra mim, é facilmente um dos destaques do disco. Rockão pra frente, métrica vocal sagaz, claramente bebendo da fonte de Nicke Andersson dos Hellacopters, (alias, ele assina a co-produção do álbum. Eu disse que era impossível não notar a influencia "Hellacopteriana" aqui), musica diretona sem deixar de ter swing!

"Gotta Move" tem um clima bastante envolvente e traz uma mensagem de se superar, deixar certas coisas pra trás e seguir em frente. Vem com o melhor do classic rock e passeia pela linguagem do metal tradicional também. Linhas bastante melódicas sob a aura das décadas de ouro do rock 'n' roll, uma das músicas mais bonitas do play com certeza. Um pouco de Thin Lizzy, U.F.O, Rainbow, Bad Company, April Wine e Blue Oyster Cult.


"You're Too Late" é bem pra cima, uma espécie de boogie acelerado, com  proto punk. Música muito divertida com arranjos de órgão e algumas dobras de guitarra. Posso estar sendo até chato, mas, acho que não há como não citar certas referências de Thin Lizzy aqui novamente, pois segue um clima bem próximo a "Get Out of Here", "Jailbreak", "Rosalie". Jenna adota uma linha vocal gostosa, similar a marca registrada de Phil Lynott, naturalmente, sem precisar imita-lo. É uma música com uma energia  emergente, com certeza deve funcionar perfeitamente ao vivo.

Na sequencia temos uma música de clima mais romântico 80's, "Break-Up", sinto até um cheiro de whisky e cigarro ao escuta-la, tem a aquela pegada da noite, muitos pensamentos na cabeça, não saberia como explicar, é um tipo de som que é preciso ter muita classe pra fazer, sem duvidas!

"Bellevue Groove" já introduz com um som de bateria remetendo ao melhor da fase inicial do Kiss. Há muitos elementos do Kiss distribuídos nas linhas de baixo e bateria (ala Peter Criss). Traz belíssimos backins, com doces harmonias vocais, o que é recorrente no álbum todo.

O tema de "Fast Love" ao que parece usa uma linguagem automotiva para brincar e sugerir um encontro amoroso selvagem, o que combina inclusive com o nome da banda, ou seja, uma lua de mel desenfreada e sem fim.

"Rock `N` Roll Shock" vem mais cadenciada, após escutar algumas vezes notei as claras influencias de Scorpions, tem um som brilhoso e dançante!!! É onde acho que Jenna mescla suas influencias de Suzi Quatro com algo do Klaus Meine.



"Brand New Ending" é uma música envolvente e de sonoridade grande. Faz parte desse bloco aparentemente menos acelerado de canções, porém, cresce e explode no refrão!

O disco encerra com "Keep Me Spinning", um heavy rock de primeira com arranjos de órgão casados com as guitarras, e grandes vocais cantados brilhantemente, aprontando o clima pra uma outro apaixonada fechando em fade-out, uma bela despedida!

A produção do disco recebe uma abordagem orgânica com clara vibração setentista, aquele clima suavemente abafado, mas, como fã desse tipo de abordagem, não sei dizer se é o mais legal pra banda, pra mim acaba soando muito natural e agradável!

Um dos detalhes que posso destacar no disco é a bateria (como baterista, não posso deixar passar a oportunidade) Jimi, que vem da cena de stoner rock, realmente soube como se portar em cada música, imprimindo bastante energia, viradas de tirar o fôlego calcadas em rock clássico, sem aquele "padrãozão de viradas de metaleiro" que assombram o hard rock moderno, e que particularmente, acho que estragam muitas vezes uma boa composição.

Felizmente a produção também não permite que a bateria receba aqueles reverbs medonhos que foram usados extensivamente nas gravações de bandas de rock e metal nos anos 80, simplesmente matando toda e qualquer tipo de dinâmica, apesar de concordar que algumas bandas usaram até bem o recurso, no entanto, são exceções.
Algo que me agrada muito no Honeymoon Disease é que, aqui as influencias retrô não são encaradas de forma tão dura e pragmática, contrapondo uma onda de revivalismo cansativo e de "modinha" mesmo, que muitas vezes tenta recriar estereótipos, mas que no fim, alcança um resultado que não convence. Com o Honeymoon Disease o rock respira mais, é música nova!

Formação:
Jenna - vocais, guitarra
Acid - guitarra
Anders - guitarra baixo
Jimi - bateria

Músicos adicionais:
Lovisa Birgersson - backing vocals, percussão
Sia Gauffin - piano, órgão, Rhodes, Wurlitzer
Linus "Linkan" Björklund - solo de guitarra (3)

Produção:
Produzido, gravado e mixado por Ola Ersfjord
Co-produzido por Nicke Andersson
Napalm Records



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Claustrofobia divulga "Curva" musica feita em parceria com Andreas Kisser



O Claustrofobia esta trabalhando em seu próximo álbum de estúdio, o Download Hatred, para esse novo lançamento a banda fez uma musica em parceria com o Andreas Kisser (Sepultura), a faixa se chama Curva e pode ser ouvida abaixo.  


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