Puta Volcano | "Harmony of Spheres" review














Que grata surpresa esse terceiro álbum do Puta Volcano, banda grega vinda da cidade de Atenas. Oriundos de um dos maiores centros artísticos, culturais e seu histórico ligado à filosofia, esses atenienses realmente me impactaram com um disco muito poderoso e relevante.

A origem do seu nome é uma referencia metafórica ao vulcão “Putana”, que se encontra na fronteira da Bolívia com o Chile e que é altamente ativo, mantendo constantes erupções.
Já o titulo do álbum remete a teoria desenvolvida e difundida por um dos seus mais ilustres conterrâneos, Pitágoras. Dizem que Pitágoras era capaz de escutar a música emanada dos planetas, através das suas órbitas pelos doze signos do Zodíaco em diferentes escalas. A matemática musical teria surgido daí. Sete tons principais que se compõe em doze sons musicais. Com a teoria da harmonia das esferas, Pitágoras tentou explicar a posição e o movimento dos planetas no céu, usando termos musicais. Assim a banda construiu um tema em volta dessa ideia, uma viajem intergalática para mundos imaginários refletindo a vida pessoal.

Na capa vemos uma coruja, o observador-viajante pelo deserto, sobrevoando destinos desconhecidos. Esse caminho que se vê na ilustração seria a música.
Em seu lançamento anterior, o Puta Volcano já mostrava parcial amadurecimento, "The Sun" (2015) traz faixas marcantes como: "Raindance/Indigos and Vulgars", "Fou", "Rockability", "The Sun". Aqui em Harmony of Spheres, nós vemos uma banda claramente amadurecida e com uma produção bastante acertada. É um disco bem consciente, onde a banda faz apostas maiores para atingir resultados naturalmente maiores!
O disco abre com a deliciosa “Dune”, isso sim são guitarras marcantes, tem uma levada rapidamente assimilada e um refrão extremamente climático como eu não escuto uma banda fazer a um bom tempo. Não bastasse isso tem ótima letra, as linhas vocais transmitem densidade, em um clima de transe. Há elementos psicodélicos aqui e ali percorrendo o álbum.


Em “Bird” nós já percebemos algumas harmonias vocais como aquelas famosas dobras vocais do AIC. Harmonias vocais bastante sombrias, dando uma atmosfera bem dramática, impossível não lembrar do Alice in Chains aqui. Em uma parte da letra, Luna canta “Days die young in outer space I drift high up/high fly”. Aqui ela mostra seu poderio vocal terminando numa interpretação mais rasgada com drives muito bem controlados.
Jovian Winds” é um som assombroso, pesado e mais iluminado. Ótimo timbre de guitarra, vocais maravilhosos, refrão que não te larga nunca mais: “It's your hands that hold us when we stumble and fall. It's your voice that tells us jokes when everything's wrong”. Eu realmente tenho que dizer que esse disco foi feito de um trabalho vocal como não encontro na maioria das bandas de stoner rock atualmente. Esse é um mérito inegável! Não é a toa que eu bato nessa tecla tantas vezes.
As composições desse disco são um destaque a parte, e o ótimo trabalho de bateria também merece ser lembrado. As dinâmicas de bateria realmente me lembram os melhores bateristas do gênero, nota por nota há um trabalho percussivo muito bem estruturado!

Em “Zeroth Law” Temos um som mais groove. Vocais, vocais, vocais... sempre formidáveis. Os detalhes dos arranjos de baixo aqui dão toda beleza a esse som, e uma guitarra que soa tão bem!
Quanto ao refrão, de longe um dos mais incríveis do álbum, é um dos pontos altos do trabalho lírico, eu realmente me afeiçoei a ela:

Hey 
Stack your gold and hide away
Clench your fist and hit

Away
Solitude's a hair away
You're the needle in the 
Hay

Probably will end the same
Wiser men have tried and 
Failed”


Neon” provavelmente poem o Puta Volcano num contexto de rock mais atual, com riffs de guitarra mais ligados ao som dessa geração, já que o tempo todo lembramos de referencias 90’s. É preciso dizer, ótimo som!!!
Moebius”, a bateria aqui se estabelece como um dos elementos mais fortes, impondo uma visão rítmica ótima para quem gosta de sair do “mais do mesmo”. É uma música bem pesada com vocal bastante potente. Aqui se encontra minha linha de bateria preferida. Fluida e bastante intuitiva.
Afterglow” também traz um trampo de bateria bem empolgante com lindas ghost notes e dinâmicas diferentes. Fiquei até confuso agora qual minha faixa favorita em termos de bateria... realmente, complicou!
Aqui nós temos um dos poucos solos de guitarra do álbum, mas tudo bem medido e de muito bom gosto!!!

Por fim temos “Infinite” uma faixa com guitarras mais sintonizadas com o rock moderno. Particularmente já considero esse disco um dos destaques de 2017, por ser um álbum onde não existe necessidade de pular faixas, é um disco com faixas realmente fortes.
O disco foi lançado em vinil, CD, e também no formato digital.
Vale super a pena ser conferido!



Membros:
Luna Stoner (Anna Papathanasiou)
Alex Pi
Bookies
Steven Stefanidis

Produzido por: Johnny Tercu e Puta Volcano
Gravado e mixado no Unreal Studios por Alex Ketenjian
Masterizado no Fascination Street Studios por Jens Bogren
Capa e layout por Katerina Karali
Ano: 2017
Gênero: Grunge/Alt. Rock/Stoner

Tracklist
Dune
Bird
Jovian Winds
Zeroth Law
Neon
Moebius
Afterglow
Infinity

Por: Thico Soares

0 comentários:

Postar um comentário